Anunciação de Jesus - Lc 1.26-38
Introdução
Deus não faz promessas que ele não pode cumprir. Em todas elas há um sim de Deus em Jesus Cristo (2 Co 1.20). Todas elas são possíveis, pois para Deus não há impossíveis (Lc 1.37), nada é difícil demais (Gn 18.14), nada é maravilhoso demais (Jr 32.17). Hoje lembramos a promessa feita à Maria, noiva de José. O anjo Gabriel lhe anunciou que em nove meses, ela seria mãe de Jesus, o Salvador. Também chamado de Altíssimo, Filho de Deus e cujo reino ao lado do Pai não terá fim.
Algumas observações do texto
No contexto em que é narrada a notícia do anúncio do nascimento do Salvador é possível identificar alguns traços que merecem ser observados:
1) O anjo vem a Maria, para lhe anunciar que Deus está com ela.
2) Maria fica muito perturbada com essa saudação e fica se perguntando do significado dessa saudação.
3) O anjo alivia sua perturbação dizendo que ela não precisava ficar com medo, pois ela encontrou favor diante de Deus e que ela irá conceber e dar à luz a um filho que será chamado Jesus.
4) Maria quer esclarecer isso e pergunta como isso seria possível, se ela não tem relação com homem algum.
5) O anjo Gabriel então lhe diz que a concepção será pelo Espírito Santo e o poder do Altíssimo que a cobrirá com sua sombra.
Virgem: vale a pena observar aqui que por mais que se possa tentar mudar isso, é virgem, no seu sentido literal. A palavra partenós aparece 15x no Novo Testamento e 7x o correspondente hebraico é usado no Antigo Testamento. Em nenhum dos casos é feita referência a alguém que não fosse de fato virgem. Além disso, mais do que a palavra, no próprio diálogo de Maria com o anjo é possível que se trata de fato uma virgem, que está sendo avisada que vai carregar em seu corpo a vida, a vida do salvador do mundo.
6) Antes que Maria pudesse perguntar “como isso seria possível”, o anjo se adianta e diz que todas as promessas de Deus são possíveis, porque para Deus nada é impossível.
7) Maria mostra toda sua fé e sua fidelidade à promessa de Deus. Da perturbação inicial, passando pelo pedido de esclarecimento, para a confissão de fé, de certeza e de disposição em participar nos planos de Deus.
É como se o Antigo Testamento começasse de novo, pois Adão e Eva tentaram criar a vida sem Deus e Maria, em humildade e obediência, cria a vida com Deus. É como se tivéssemos aqui um modelo ideal de interação entre a vida humana e Deus e que pela perfeição exibida, poderia ser complementada com as palavras de Mateus 16.17, aplicando as à Maria: “Bem-aventurada, és Maria, porque não foi você que fez essa confissão, mas o Pai que está nos céus”.
Será que pessoas que receberam as promessas de Deus sempre reagiram assim, de forma exemplar?
Olhando para alguns exemplos, podemos ver que não, contrariando até nossa forma de esperar que as pessoas reajam. Queremos em nós e nas pessoas a reação exemplar de Maria. Porém, ao olharmos para outras pessoas, podemos observar que as reações variam entre a fé, a dúvida, o medo. Isto, por sinal, é o próprio do ser humano: reagir de forma diferente. O que não varia e não tem sombra de mudança é a misericórdia de Deus em todos os casos.
Reações de algumas pessoas diante de promessas anunciadas
Um pouco antes, em Lucas 1.18, o anjo se apresentou a Zacarias dizendo “não temas”, para depois lhe anunciar que Isabel conceberia e ele seria pai de um filho; Sua reação: Como saberei? Me dá um sinal. Sou velho, minha mulher também é. Não sabemos o tom de voz usado pelo anjo, mas sua resposta foi: “eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus e fui enviado para trazer essa boa nova, todavia ficarás mudo [...], porque não acreditaste nas minhas palavras.
Quando Sara ouve que ela seria mãe aos 90 anos, ela ri e diz “eu”? Mais tarde ela própria diz que Deus deu me do que rir e outros podem rir junto (Gn 18.11-14; 21.6). Abraão também não aguentou e riu também, Eu, 100 anos, Sara 90 (Gn 17.17).
Gideão, ao saber que seria libertador de Israel, recebeu a visita do anjo e ouviu a saudação “O Senhor está contigo”. A reação de Gideão, se Deus está com a gente, por que essa crise? Por que vivemos tão oprimidos? Cadê as maravilhas que nossos pais nos contaram?
Tu vais salvar Israel dessa situação difícil, foi a resposta de Gideão! Ele então disse: “como saberei isso”?
Ele propôs um teste. Ele colocou uma porção de lã no sereno. Se durante a noite o orvalho cobrisse somente a lã e a terra ao redor estivesse seca, aí saberei que Deus está comigo e libertarei meu povo. Isso aconteceu, mas Gideão pediu por mais uma chance: só mais uma vez. Essa noite coloco de novo a lã e se ela estiver seca e a terra ao redor molhada de orvalho, aí saberei que serei o libertador de Israel. Mais uma vez deu certo.
Ezequias (2Rs 20.8), ficou enfermo e o profeta lhe anunciou a morte iminente. Ele chorou, orou, e de pois que recebeu a notícia que ficaria curado, pediu um sinal. Foi lhe oferecido um sinal da sombra do sol avançando 10 graus. Ezequias pensou, avançar é fácil e retroceder?! Que tal retroceder em 10 graus. Mais uma vez Deus atendeu a um pedido retrocedendo a sombra do sol, muito provavelmente nos degraus da escada externa do aposento de Ezequias.
Acaz (Is 7), ficou junto com coração agitado como árvores sacudidas pelo vento, quando ficou sabendo dos planos de guerra da Síria e de Efraim. O rei de Judá ficou com muito medo do seu ataque. Isaías lhe disse, fica calmo, isso não vai lhe causar dano. Deus lhe ofereceu um sinal de que estaria no lado de Acaz e ninguém o poderia derrotar. Acaz pensou que não deveria pedir esse sinal, para não colocar Deus à prova. Então Deus fez a promessa do sinal. O sinal de que Deus estaria do lado não só de Acaz, mas de todas as pessoas e de todos os tempos. “Eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho cujo nome é Emanuel, Deus conosco”.
De volta à Maria
Uma virgem vai conceber e Maria recebe a notícia de que essa promessa de Deus vai se cumprir nela. Todas as esperanças do Antigo Testamento estavam encontrando sua realização aqui. Toda a nossa esperança, toda a esperança da humanidade se concretiza no sinal que Deus forneceu, de que ele é um Deus por nós e não contra nós.
Jesus
Daqui a nove meses celebraremos mais do que mais um Natal, mas vamos celebrar o que é motivo de celebração a cada dia, Deus está do nosso lado, Jesus é o sinal de que ele está do nosso lado, ele é o nosso Salvador.
Quando falamos em Salvador, pode estar bem fixado em nossa mente a ideia de que Jesus irá nos salvar da morte eterna e que é esta é a única bênção certa que podemos esperar.
Porém, essa não é, embora seja a maior e mais maravilhosa, a única promessa. Ao ver Jesus cuidando das pessoas, perdoando-as, compreendendo elas em suas dores e contradições, e prometendo que estará conosco até o fim, podemos esperar em Jesus em outras situações.
Podemos esperar que diante da crescente maldade que está fora de nós, e que nos deixa como sentimento de impotência, Deus continue a agir com bondade e misericórdia, e poder. Podemos esperar que quando falta-nos o sentido para a nossa vida e que gera em nós um sentimento de vazio depressivo, Deus vem para produzir em nós a alegria da nossa vocação (pai, mãe, filho, estudante, esposa, marido, amigo, vizinho, professor).
Podemos esperar que no meio de nossos fracassos e fraquezas, sucumbindo às tentações e que gera em nós vergonha de nós mesmos, Jesus venha para criar em mim um espírito de aceitação e consciência de que o que estraga a minha vida é o pecado e que eu preciso do perdão de Deus e do meu próprio.
Podemos esperar que em meio às nossas desobediências e rebeldias, que se manifestam no pensar e no agir, Jesus vem para apagar a culpa e nos absolver de nossa condição de pecador. Podemos esperar que diante da morte, o inimigo que causa-nos pavor, desespero, saudade, temos Jesus ressurreto ao nosso lado, a fim de que possamos viver na bendita esperança da ressurreição.
Deus nos ajude a crer nessas promessas, pois Deus já nos deu o sinal que podemos esperar nelas, Jesus Cristo. Amém!
Prof. Ms. Anselmo Ernesto Graff, em mensagem proferida no devocional com Santa Ceia do dia 25 de março de 2015 do Seminário Concórdia.
Deus não faz promessas que ele não pode cumprir. Em todas elas há um sim de Deus em Jesus Cristo (2 Co 1.20). Todas elas são possíveis, pois para Deus não há impossíveis (Lc 1.37), nada é difícil demais (Gn 18.14), nada é maravilhoso demais (Jr 32.17). Hoje lembramos a promessa feita à Maria, noiva de José. O anjo Gabriel lhe anunciou que em nove meses, ela seria mãe de Jesus, o Salvador. Também chamado de Altíssimo, Filho de Deus e cujo reino ao lado do Pai não terá fim.
Algumas observações do texto
No contexto em que é narrada a notícia do anúncio do nascimento do Salvador é possível identificar alguns traços que merecem ser observados:
1) O anjo vem a Maria, para lhe anunciar que Deus está com ela.
2) Maria fica muito perturbada com essa saudação e fica se perguntando do significado dessa saudação.
3) O anjo alivia sua perturbação dizendo que ela não precisava ficar com medo, pois ela encontrou favor diante de Deus e que ela irá conceber e dar à luz a um filho que será chamado Jesus.
4) Maria quer esclarecer isso e pergunta como isso seria possível, se ela não tem relação com homem algum.
5) O anjo Gabriel então lhe diz que a concepção será pelo Espírito Santo e o poder do Altíssimo que a cobrirá com sua sombra.
Virgem: vale a pena observar aqui que por mais que se possa tentar mudar isso, é virgem, no seu sentido literal. A palavra partenós aparece 15x no Novo Testamento e 7x o correspondente hebraico é usado no Antigo Testamento. Em nenhum dos casos é feita referência a alguém que não fosse de fato virgem. Além disso, mais do que a palavra, no próprio diálogo de Maria com o anjo é possível que se trata de fato uma virgem, que está sendo avisada que vai carregar em seu corpo a vida, a vida do salvador do mundo.
6) Antes que Maria pudesse perguntar “como isso seria possível”, o anjo se adianta e diz que todas as promessas de Deus são possíveis, porque para Deus nada é impossível.
7) Maria mostra toda sua fé e sua fidelidade à promessa de Deus. Da perturbação inicial, passando pelo pedido de esclarecimento, para a confissão de fé, de certeza e de disposição em participar nos planos de Deus.
É como se o Antigo Testamento começasse de novo, pois Adão e Eva tentaram criar a vida sem Deus e Maria, em humildade e obediência, cria a vida com Deus. É como se tivéssemos aqui um modelo ideal de interação entre a vida humana e Deus e que pela perfeição exibida, poderia ser complementada com as palavras de Mateus 16.17, aplicando as à Maria: “Bem-aventurada, és Maria, porque não foi você que fez essa confissão, mas o Pai que está nos céus”.
Será que pessoas que receberam as promessas de Deus sempre reagiram assim, de forma exemplar?
Olhando para alguns exemplos, podemos ver que não, contrariando até nossa forma de esperar que as pessoas reajam. Queremos em nós e nas pessoas a reação exemplar de Maria. Porém, ao olharmos para outras pessoas, podemos observar que as reações variam entre a fé, a dúvida, o medo. Isto, por sinal, é o próprio do ser humano: reagir de forma diferente. O que não varia e não tem sombra de mudança é a misericórdia de Deus em todos os casos.
Reações de algumas pessoas diante de promessas anunciadas
Um pouco antes, em Lucas 1.18, o anjo se apresentou a Zacarias dizendo “não temas”, para depois lhe anunciar que Isabel conceberia e ele seria pai de um filho; Sua reação: Como saberei? Me dá um sinal. Sou velho, minha mulher também é. Não sabemos o tom de voz usado pelo anjo, mas sua resposta foi: “eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus e fui enviado para trazer essa boa nova, todavia ficarás mudo [...], porque não acreditaste nas minhas palavras.
Quando Sara ouve que ela seria mãe aos 90 anos, ela ri e diz “eu”? Mais tarde ela própria diz que Deus deu me do que rir e outros podem rir junto (Gn 18.11-14; 21.6). Abraão também não aguentou e riu também, Eu, 100 anos, Sara 90 (Gn 17.17).
Gideão, ao saber que seria libertador de Israel, recebeu a visita do anjo e ouviu a saudação “O Senhor está contigo”. A reação de Gideão, se Deus está com a gente, por que essa crise? Por que vivemos tão oprimidos? Cadê as maravilhas que nossos pais nos contaram?
Tu vais salvar Israel dessa situação difícil, foi a resposta de Gideão! Ele então disse: “como saberei isso”?
Ele propôs um teste. Ele colocou uma porção de lã no sereno. Se durante a noite o orvalho cobrisse somente a lã e a terra ao redor estivesse seca, aí saberei que Deus está comigo e libertarei meu povo. Isso aconteceu, mas Gideão pediu por mais uma chance: só mais uma vez. Essa noite coloco de novo a lã e se ela estiver seca e a terra ao redor molhada de orvalho, aí saberei que serei o libertador de Israel. Mais uma vez deu certo.
Ezequias (2Rs 20.8), ficou enfermo e o profeta lhe anunciou a morte iminente. Ele chorou, orou, e de pois que recebeu a notícia que ficaria curado, pediu um sinal. Foi lhe oferecido um sinal da sombra do sol avançando 10 graus. Ezequias pensou, avançar é fácil e retroceder?! Que tal retroceder em 10 graus. Mais uma vez Deus atendeu a um pedido retrocedendo a sombra do sol, muito provavelmente nos degraus da escada externa do aposento de Ezequias.
Acaz (Is 7), ficou junto com coração agitado como árvores sacudidas pelo vento, quando ficou sabendo dos planos de guerra da Síria e de Efraim. O rei de Judá ficou com muito medo do seu ataque. Isaías lhe disse, fica calmo, isso não vai lhe causar dano. Deus lhe ofereceu um sinal de que estaria no lado de Acaz e ninguém o poderia derrotar. Acaz pensou que não deveria pedir esse sinal, para não colocar Deus à prova. Então Deus fez a promessa do sinal. O sinal de que Deus estaria do lado não só de Acaz, mas de todas as pessoas e de todos os tempos. “Eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho cujo nome é Emanuel, Deus conosco”.
De volta à Maria
Uma virgem vai conceber e Maria recebe a notícia de que essa promessa de Deus vai se cumprir nela. Todas as esperanças do Antigo Testamento estavam encontrando sua realização aqui. Toda a nossa esperança, toda a esperança da humanidade se concretiza no sinal que Deus forneceu, de que ele é um Deus por nós e não contra nós.
Jesus
Daqui a nove meses celebraremos mais do que mais um Natal, mas vamos celebrar o que é motivo de celebração a cada dia, Deus está do nosso lado, Jesus é o sinal de que ele está do nosso lado, ele é o nosso Salvador.
Quando falamos em Salvador, pode estar bem fixado em nossa mente a ideia de que Jesus irá nos salvar da morte eterna e que é esta é a única bênção certa que podemos esperar.
Porém, essa não é, embora seja a maior e mais maravilhosa, a única promessa. Ao ver Jesus cuidando das pessoas, perdoando-as, compreendendo elas em suas dores e contradições, e prometendo que estará conosco até o fim, podemos esperar em Jesus em outras situações.
Podemos esperar que diante da crescente maldade que está fora de nós, e que nos deixa como sentimento de impotência, Deus continue a agir com bondade e misericórdia, e poder. Podemos esperar que quando falta-nos o sentido para a nossa vida e que gera em nós um sentimento de vazio depressivo, Deus vem para produzir em nós a alegria da nossa vocação (pai, mãe, filho, estudante, esposa, marido, amigo, vizinho, professor).
Podemos esperar que no meio de nossos fracassos e fraquezas, sucumbindo às tentações e que gera em nós vergonha de nós mesmos, Jesus venha para criar em mim um espírito de aceitação e consciência de que o que estraga a minha vida é o pecado e que eu preciso do perdão de Deus e do meu próprio.
Podemos esperar que em meio às nossas desobediências e rebeldias, que se manifestam no pensar e no agir, Jesus vem para apagar a culpa e nos absolver de nossa condição de pecador. Podemos esperar que diante da morte, o inimigo que causa-nos pavor, desespero, saudade, temos Jesus ressurreto ao nosso lado, a fim de que possamos viver na bendita esperança da ressurreição.
Deus nos ajude a crer nessas promessas, pois Deus já nos deu o sinal que podemos esperar nelas, Jesus Cristo. Amém!
Prof. Ms. Anselmo Ernesto Graff, em mensagem proferida no devocional com Santa Ceia do dia 25 de março de 2015 do Seminário Concórdia.