Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!
O Apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, afirma: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega; mas Deus que dá o crescimento!” (1Co 3. 6 – 7)
É comum vermos em nossos dias, principalmente nas redes sociais, os cristãos exaltando mais os seus pregadores e líderes do que a própria Palavra de Deus que está sendo ensinada. Por vezes, parece que também os luteranos dão muito mais ênfase no orgulho aos reformadores do que naquilo que Deus realizou através desses servos. Não que, de todo isso seja errado; no entanto, precisamos cuidar para não mudarmos o foco da Mensagem e, não cairmos na tentação da idolatria de nós mesmos, como Lutero lembra: “O pior de todos os ídolos é o nosso próprio ego!”
No âmbito pastoral, precisamos nos afastar da vaidade e pretensão de achar que podemos, por nós mesmos, fazer a diferença na vida das pessoas. Somente a Palavra e os Sacramentos (ou seja, somente Deus) podem fazer a diferença na vida do homem; somente o Senhor pode preencher o vazio do coração humano.
Os cristãos de Corinto estavam enfrentando uma dificuldade parecida; não que eles tivessem abandonado a Fé; mas, aos poucos, estavam desviando o seu olhar daquele que é o mais importante, aquele que lhes deu a salvação. É por isso que São Paulo precisa intervir e escrever aquela Igreja, no sentido de alertá-la sobre o problema, e, apontar o foco e objetivo da Fé Cristã! Nesse aspecto, o Apóstolo ressalta quão importante é o Serviço do Ministério, mas direcionando para o fato de que, sem o principal, que é Deus, nem mesmo o Ministério tem valor; por isso nos lembra de que aquele que foca no pregador e não na pregação não anda segundo o espírito, mas segundo a carne; ainda vive a mercê de sua própria vaidade e de seu egoísmo. Afinal de contas, isso somente traz a Igreja de Cristo ciúme, inveja e divisão; quando na verdade a pregação cristã nos remete ao amor ao próximo, a comunhão e a esperança da vida eterna!
Como estudantes, pastores e professores, precisamos pregar este ensinamento primeiro a nós mesmos, deixando a Palavra de Deus ensinar que nada somos, nada podemos fazer e não temos poder algum para mudar o coração do outro; além disso, esta mesma Palavra também visar revelar aquele que nos usa como instrumentos em suas mãos, que fala através de nós, e chega aos corações de tantos que necessitam e anseiam o conforto, a paz e a esperança!
Enfim, como cooperadores, servos, trabalhadores na Seara do Senhor, temos o privilégio de anunciar não a nossa mensagem, mas o Evangelho de Cristo; até mesmo seguindo o exemplo de homens do passado como os apóstolos ou os reformadores; mas, não colocando eles ou nós mesmos acima do que é primordial: A Obra de Cristo na Cruz! Se não fosse o Senhor, quem seria Paulo, Apolo, Pedro, Lutero ou mesmo cada um de nós aqui hoje? É por isso que o próprio Lutero clama: “Peço a omitir o meu nome e não se chamar luteranos, mas cristãos. Que é Lutero? A doutrina não é minha. Tampouco fui crucificado em favor de alguém!”
A melhor oração que podemos fazer como pastores ou futuros pastores, é aquela famosa frase que aprendemos nas aulas de sistemática e homilética: “Senhor Deus, ajuda-nos a não atrapalharmos a Obra do Espírito Santo em sua Igreja!”
Que Deus nos guie nesta Verdade que nos liberta de nós mesmos e nos ajuda a sempre focarmos em Cristo, pois somente nele temos tudo o que é necessário tanto para a nossa vida nesse mundo como também para a nossa salvação; afinal de contas, parafraseando um professor nosso: “O que Deus dá é muito mais do que podemos guardar!”
Deus nos abençoe! Amém!
Autor: Helvécio José Batista Júnior, sexto ano teológico, Seminário Concórdia.