Irmãos e irmãs:
Semana passada li num jornal online que a câmara de vereadores da cidade de Huntsville no Alabama, USA, iria reiniciar seus trabalhos do segundo semestre com uma oração. Na escala, quem deveria fazer a oração era um ateu. Fico perguntando: um ateu fazendo oração? A quem ele iria dirigir essa oração: A um ser não identificado? A uma ideia personalizada? Ou talvez iniciar com: “A quem interessar possa”. Como se dirigir a alguém que você crê que não existe?
Este fórum parte do pressuposto de que Deus existe. Ele existe, faz perguntas e, interessante, ele mesmo dá respostas. A temática deste fórum é uma pergunta inquietante: “Onde está o teu irmão?”. É uma pergunta bíblica. Sabemos onde ela se encontra. Podemos até achar que o contexto onde e quando foi formulada não se aplique a nós, entretanto ela foi feita por Deus a Caim, lá atrás depois de Caim ter aniquilado o seu irmão, Abel. Mas. “onde está o teu irmão?” é o tema deste fórum.
Esta pergunta é antecedida por outra formulada mais atrás ainda, dentro do jardim do Éden. Foi feita pelo mesmo Deus, aos pais de Caim. Gn 3.9 diz: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: onde estás?” Se esta pergunta não tivesse sido feita lá atrás, esta segunda pergunta, a do nosso fórum, “Onde está teu irmão” provavelmente não seria necessária. Uma está subordinada à outra, não só no tempo e no espaço como na teologia.
“Adão, Onde estás?”. Naquele tempo Deus tinha apenas duas pessoas para cuidar e aparentemente Ele tinha problemas para rastrear o movimento delas. Depois da queda, Adão e Eva haviam se escondido de si mesmos e da vista de Deus por entre as árvores do jardim.
Se Adão e Eva pensassem realmente de que poderiam se esconder das vistas de Deus logo tiveram de mudar de opinião quando Deus lhes faz a segunda pergunta: “Comeste da árvore de que te ordenei não comesses?” Deus tinha visto tudo – desde a cobiça nos olhos, o arrancar do fruto pelas mãos, o comer pela boca.
“Onde estás?” – não era uma pergunta de Deus para buscar informação. Deus não precisa de informação. Tal pergunta, portanto, visava unicamente dar nova oportunidade ao homem, ou seja, para beneficiar o ser humano. Era uma solicitação a Adão para que prestasse contas do que tinha feito no imaginário secreto do seu coração e para dar uma resposta do que havia feito na suposta ausência (ou inexistência) de Deus no jardim. “O que fizeste?”A pergunta de Deus aqui, ao fim e ao cabo, é uma extensão da sua graça.
Nós olhamos para Adão e Eva e achamos graça. Que ingenuidade essa de querer se esconder de Deus? Uma vez desfeita a comunhão com Deus, nenhuma criatura poderá se esconder de Deus. Muito menos por detrás de uma árvore ou uma escultura ou imagem feita a partir dela.
O problema é que nós herdamos essa tentativa de achar que podemos nos esconder Dele. O ser humano faz isso. Em Isaías 29 o próprio Deus fala daqueles que “profundamente escondem o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?”
Preciso dizer que isso também ocorre conosco. Também nós escolhemos o que achamos ser uma boa árvore para nos esconder de Deus. As árvores que escolhemos talvez sejam mais sutis, mais estilizadas. Pode ser que nos escondamos por detrás da própria bondade de Deus. Por exemplo:
- Não vivemos num país com liberdade religiosa sem sermos perseguidos e ameaçados de morte?
- Não somos membros de uma igreja ricamente abençoada – as diversas aqui representadas?
- Não temos a verdade da Escritura que nos falam de alguém que morre para salvar outros e não de alguém que mata para salvar a si mesmo?
- Não somos teólogos(as), pregadores ou futuros pregadores?
E assim somos tentados a nos esconder por detrás das árvores da segurança, complacência e das bênçãos de Deus.
Deus olha por detrás das árvores em que nos escondemos e o que ele vê é razão mais que suficiente para nos expulsar do jardim da sua graça e misericórdia. O que Ele vê Ele chama de pecado, rebelião contra Ele cuja penalidade merece a penalidade da sua justiça: “Certamente morrereis”. E o que vamos fazer? A única coisa que precisamos e queremos fazer é esconder tudo o que Deus viu e vê atrás de outra árvore, a árvore da cruz. Porque na cruz Deus se esconde na cruz. Como diz Lutero, na humilhação e na vergonha da cruz Deus se oculta e apenas ali Ele se deixa achar.
No folder/programa do nosso Fórum há outro versículo extraído desta vez de Ezequiel 34 que diz: “Assim diz o SENHOR Deus: Aqui estou. Eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei”.
“Onde está o teu irmão?”
O mesmo Deus que faz a pergunta é o Deus que dá a resposta: Ele mesmo procura a ovelha dispersa e errante e a busca para si. Sozinho no campo que ele bem conhecia, escondendo-se por trás das árvores do seu domínio, suando no rosto para comer o seu pão e, pior, ruminando as agruras da sua culpa, Caim é procurado e buscado por Deus. Para surpresa nossa, Deus lhe coloca um sinal, uma marca, um selo para indicar que ele, Caim, é propriedade de Deus. Mas que sinal é esse em Caim? É visível? Inscrição, uma tatuagem? Quem sabe! No capítulo 9 do mesmo profeta Ezequiel Deus ordena que o povo fiel de Jerusalém receba uma marca, um sinal em suas frontes e por causa deste sinal o povo de Deus é salvo da destruição. O texto informa que este sinal de distinção era um tau. O tau, como podem confirmar os alunos, é a última letra do alfabeto hebraico. No tempo de Ezequiel o tau tinha o formato de duas linhas que se cruzavam, formando, portanto o sinal da cruz. Seria este o sinal? Estaria Deus fazendo uma profecia direta, uma antecipação da cruz de Cristo? Acho que sim.
Quando você foi batizado o seu pastor provavelmente lhe disse: “Recebe o sinal da santa cruz tanto na fronte como no peito em afirmação por teu resgate por Cristo crucificado”. Fomos batizados, com o sinal da cruz na fronte e no peito, ou seja, nos olhos, na boca, nas mãos, especialmente nos lábios e no coração: somos redimidos e somos testemunhas. Mas se você olhar para mim ou eu olhar para vocês, não veremos o sinal ou o selo ou a marca da cruz na nossa fronte. Ela é visível, apenas aos olhos da fé.
Durante este fórum vamos debater também as causas a que levam os irmãos a permanecerem junto da cruz e causas que eventualmente levam outros a se afastarem dela. Perspectivas teológico-pastorais, sociológicas e psicológicas serão tratadas. Algumas delas poderão doer porque esse processo de “onde está o nosso irmão?” nos faz refletir também sobre a nossa maneira de testemunhar, de viver a fé e de pregar. Mas antes que nos desesperemos, é bom lembrar que tais apreensões fazem parte do nosso metieu, do ministério pastoral, da nossa pregação.
A propósito da pregação, talvez até o apóstolo Paulo possa nos servir de consolo. Penso que o episódio que se acha registrado em Atos 20 nos ajude na reflexão sobre o tema que nos está proposto. Paulo está em Trôade, na Ásia Menor, de caminho para Jerusalém. Para aproveitar o domingo – o dia da ressurreição de Jesus - ele prega até à meia-noite – afinal a mensagem é urgente e premente. Na sala cheia e abafada, Êutico se senta na janela em busca de ar fresco. Mas adormece profundamente, cai do terceiro andar e tem morte súbita. Sabemos como a história termina. Paulo ora, desce pelas escadas, lança-se sobre ele - e Deus ouve a sua oração e ressuscita Êutico.
Êutico é de certa forma um ícone para o nosso tempo e ministério pastoral. É preciso prestar atenção em pessoas como Êutico, pessoas que estão cansadas, enfastiadas e correm riscos. Para prevenir cenas desastrosas como esta é preciso que alguém vasculhe a sala, por vezes mal iluminada, que olhe para os lados, que esteja atento a Êutico e que se dê conta de que ele está na sentado na janela. Janela, como sabemos, não é lugar muito indicado para se sentar durante o culto, especialmente durante o sermão. Por isso é preciso prestar atenção se os olhos de Êutico estão se abrindo e fechando, abrindo e fechando... Não é difícil notar quanto alguém está começando a cochilar. Eu sou professor, você é pastor, líder. E sabemos como isso acontece. Tudo o que alguém precisa fazer é notar que Êutico está cochilando, aproximar-se dele, dar-lhe um pequeno toque e calmamente lhe dizer: “Oi, Êutico, desça e venha se sentar comigo aqui no chão”. Problemas com o nosso irmão começam justamente aqui, porque a nossa resposta a alguém sentado na janela é: “Desça ligeiro dessa janela, você vai morrer”. E aí tudo está perdido – e Êutico também.
Êutico precisa de um amigo, de um irmão que calmamente olhe para ele lhe dê um toque gentil e o convide para a sala da igreja, para um lugar seguro. Êutico não precisa de um grito, pois o grito será interpretado por ele como rejeição, julgamento e em consequência afastamento e queda.
Na cultura em que vivemos, uma cultura hedonista, consumista, centrada em si – todos os nossos irmãos/irmãs correm riscos. Estamos dispostos a olhar para a janela? A ver Êuticos? A tocar gentilmente neles? Estamos dispostos a convidar e continuar convidando o irmão para um lugar seguro na sala?
Vejam, o objetivo maior não é apenas um lugar seguro fisicamente e muito menos um lugar de entretenimento. O objetivo maior é um lugar de perdão de pecados, de absolvição, lugar de redenção, um lugar onde se respira e se vive a graça de nosso Senhor Jesus Cristo porque vivemos junto à árvore da cruz.
Por que esse objetivo é importante? Porque nossos irmãos estão caindo pela janela, alguns mais distantes que outros e precisam ser levantados pelo perdão dos pecados dado apenas por Jesus Cristo. Outros estão sentados na janela, cochilando. Precisam do toque gentil que vem pela lembrança do seu batismo e do fortalecimento que vem no banquete da mesa do Senhor. Precisam dessa gentil orientação de ministros, pastores, teólogos, cristãos, enfim.
Irmãos e irmãs - para concluir:
Quando Deus pergunta, ele não quer respostas, mas quer nos trazer benefícios, oferecer oportunidade. Acima de tudo, Ele quer nos consolar afirmando que é um Deus que existe, que é pessoal, um Deus que cria, que pergunta e responde, que por causa da cruz de Cristo está presente, procura, busca, perdoa e ressuscita. Permaneçamos escondidos atrás da sua cruz – um bom lugar para nos sentar.
Semana passada li num jornal online que a câmara de vereadores da cidade de Huntsville no Alabama, USA, iria reiniciar seus trabalhos do segundo semestre com uma oração. Na escala, quem deveria fazer a oração era um ateu. Fico perguntando: um ateu fazendo oração? A quem ele iria dirigir essa oração: A um ser não identificado? A uma ideia personalizada? Ou talvez iniciar com: “A quem interessar possa”. Como se dirigir a alguém que você crê que não existe?
Este fórum parte do pressuposto de que Deus existe. Ele existe, faz perguntas e, interessante, ele mesmo dá respostas. A temática deste fórum é uma pergunta inquietante: “Onde está o teu irmão?”. É uma pergunta bíblica. Sabemos onde ela se encontra. Podemos até achar que o contexto onde e quando foi formulada não se aplique a nós, entretanto ela foi feita por Deus a Caim, lá atrás depois de Caim ter aniquilado o seu irmão, Abel. Mas. “onde está o teu irmão?” é o tema deste fórum.
Esta pergunta é antecedida por outra formulada mais atrás ainda, dentro do jardim do Éden. Foi feita pelo mesmo Deus, aos pais de Caim. Gn 3.9 diz: “E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: onde estás?” Se esta pergunta não tivesse sido feita lá atrás, esta segunda pergunta, a do nosso fórum, “Onde está teu irmão” provavelmente não seria necessária. Uma está subordinada à outra, não só no tempo e no espaço como na teologia.
“Adão, Onde estás?”. Naquele tempo Deus tinha apenas duas pessoas para cuidar e aparentemente Ele tinha problemas para rastrear o movimento delas. Depois da queda, Adão e Eva haviam se escondido de si mesmos e da vista de Deus por entre as árvores do jardim.
Se Adão e Eva pensassem realmente de que poderiam se esconder das vistas de Deus logo tiveram de mudar de opinião quando Deus lhes faz a segunda pergunta: “Comeste da árvore de que te ordenei não comesses?” Deus tinha visto tudo – desde a cobiça nos olhos, o arrancar do fruto pelas mãos, o comer pela boca.
“Onde estás?” – não era uma pergunta de Deus para buscar informação. Deus não precisa de informação. Tal pergunta, portanto, visava unicamente dar nova oportunidade ao homem, ou seja, para beneficiar o ser humano. Era uma solicitação a Adão para que prestasse contas do que tinha feito no imaginário secreto do seu coração e para dar uma resposta do que havia feito na suposta ausência (ou inexistência) de Deus no jardim. “O que fizeste?”A pergunta de Deus aqui, ao fim e ao cabo, é uma extensão da sua graça.
Nós olhamos para Adão e Eva e achamos graça. Que ingenuidade essa de querer se esconder de Deus? Uma vez desfeita a comunhão com Deus, nenhuma criatura poderá se esconder de Deus. Muito menos por detrás de uma árvore ou uma escultura ou imagem feita a partir dela.
O problema é que nós herdamos essa tentativa de achar que podemos nos esconder Dele. O ser humano faz isso. Em Isaías 29 o próprio Deus fala daqueles que “profundamente escondem o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?”
Preciso dizer que isso também ocorre conosco. Também nós escolhemos o que achamos ser uma boa árvore para nos esconder de Deus. As árvores que escolhemos talvez sejam mais sutis, mais estilizadas. Pode ser que nos escondamos por detrás da própria bondade de Deus. Por exemplo:
- Não vivemos num país com liberdade religiosa sem sermos perseguidos e ameaçados de morte?
- Não somos membros de uma igreja ricamente abençoada – as diversas aqui representadas?
- Não temos a verdade da Escritura que nos falam de alguém que morre para salvar outros e não de alguém que mata para salvar a si mesmo?
- Não somos teólogos(as), pregadores ou futuros pregadores?
E assim somos tentados a nos esconder por detrás das árvores da segurança, complacência e das bênçãos de Deus.
Deus olha por detrás das árvores em que nos escondemos e o que ele vê é razão mais que suficiente para nos expulsar do jardim da sua graça e misericórdia. O que Ele vê Ele chama de pecado, rebelião contra Ele cuja penalidade merece a penalidade da sua justiça: “Certamente morrereis”. E o que vamos fazer? A única coisa que precisamos e queremos fazer é esconder tudo o que Deus viu e vê atrás de outra árvore, a árvore da cruz. Porque na cruz Deus se esconde na cruz. Como diz Lutero, na humilhação e na vergonha da cruz Deus se oculta e apenas ali Ele se deixa achar.
No folder/programa do nosso Fórum há outro versículo extraído desta vez de Ezequiel 34 que diz: “Assim diz o SENHOR Deus: Aqui estou. Eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei”.
“Onde está o teu irmão?”
O mesmo Deus que faz a pergunta é o Deus que dá a resposta: Ele mesmo procura a ovelha dispersa e errante e a busca para si. Sozinho no campo que ele bem conhecia, escondendo-se por trás das árvores do seu domínio, suando no rosto para comer o seu pão e, pior, ruminando as agruras da sua culpa, Caim é procurado e buscado por Deus. Para surpresa nossa, Deus lhe coloca um sinal, uma marca, um selo para indicar que ele, Caim, é propriedade de Deus. Mas que sinal é esse em Caim? É visível? Inscrição, uma tatuagem? Quem sabe! No capítulo 9 do mesmo profeta Ezequiel Deus ordena que o povo fiel de Jerusalém receba uma marca, um sinal em suas frontes e por causa deste sinal o povo de Deus é salvo da destruição. O texto informa que este sinal de distinção era um tau. O tau, como podem confirmar os alunos, é a última letra do alfabeto hebraico. No tempo de Ezequiel o tau tinha o formato de duas linhas que se cruzavam, formando, portanto o sinal da cruz. Seria este o sinal? Estaria Deus fazendo uma profecia direta, uma antecipação da cruz de Cristo? Acho que sim.
Quando você foi batizado o seu pastor provavelmente lhe disse: “Recebe o sinal da santa cruz tanto na fronte como no peito em afirmação por teu resgate por Cristo crucificado”. Fomos batizados, com o sinal da cruz na fronte e no peito, ou seja, nos olhos, na boca, nas mãos, especialmente nos lábios e no coração: somos redimidos e somos testemunhas. Mas se você olhar para mim ou eu olhar para vocês, não veremos o sinal ou o selo ou a marca da cruz na nossa fronte. Ela é visível, apenas aos olhos da fé.
Durante este fórum vamos debater também as causas a que levam os irmãos a permanecerem junto da cruz e causas que eventualmente levam outros a se afastarem dela. Perspectivas teológico-pastorais, sociológicas e psicológicas serão tratadas. Algumas delas poderão doer porque esse processo de “onde está o nosso irmão?” nos faz refletir também sobre a nossa maneira de testemunhar, de viver a fé e de pregar. Mas antes que nos desesperemos, é bom lembrar que tais apreensões fazem parte do nosso metieu, do ministério pastoral, da nossa pregação.
A propósito da pregação, talvez até o apóstolo Paulo possa nos servir de consolo. Penso que o episódio que se acha registrado em Atos 20 nos ajude na reflexão sobre o tema que nos está proposto. Paulo está em Trôade, na Ásia Menor, de caminho para Jerusalém. Para aproveitar o domingo – o dia da ressurreição de Jesus - ele prega até à meia-noite – afinal a mensagem é urgente e premente. Na sala cheia e abafada, Êutico se senta na janela em busca de ar fresco. Mas adormece profundamente, cai do terceiro andar e tem morte súbita. Sabemos como a história termina. Paulo ora, desce pelas escadas, lança-se sobre ele - e Deus ouve a sua oração e ressuscita Êutico.
Êutico é de certa forma um ícone para o nosso tempo e ministério pastoral. É preciso prestar atenção em pessoas como Êutico, pessoas que estão cansadas, enfastiadas e correm riscos. Para prevenir cenas desastrosas como esta é preciso que alguém vasculhe a sala, por vezes mal iluminada, que olhe para os lados, que esteja atento a Êutico e que se dê conta de que ele está na sentado na janela. Janela, como sabemos, não é lugar muito indicado para se sentar durante o culto, especialmente durante o sermão. Por isso é preciso prestar atenção se os olhos de Êutico estão se abrindo e fechando, abrindo e fechando... Não é difícil notar quanto alguém está começando a cochilar. Eu sou professor, você é pastor, líder. E sabemos como isso acontece. Tudo o que alguém precisa fazer é notar que Êutico está cochilando, aproximar-se dele, dar-lhe um pequeno toque e calmamente lhe dizer: “Oi, Êutico, desça e venha se sentar comigo aqui no chão”. Problemas com o nosso irmão começam justamente aqui, porque a nossa resposta a alguém sentado na janela é: “Desça ligeiro dessa janela, você vai morrer”. E aí tudo está perdido – e Êutico também.
Êutico precisa de um amigo, de um irmão que calmamente olhe para ele lhe dê um toque gentil e o convide para a sala da igreja, para um lugar seguro. Êutico não precisa de um grito, pois o grito será interpretado por ele como rejeição, julgamento e em consequência afastamento e queda.
Na cultura em que vivemos, uma cultura hedonista, consumista, centrada em si – todos os nossos irmãos/irmãs correm riscos. Estamos dispostos a olhar para a janela? A ver Êuticos? A tocar gentilmente neles? Estamos dispostos a convidar e continuar convidando o irmão para um lugar seguro na sala?
Vejam, o objetivo maior não é apenas um lugar seguro fisicamente e muito menos um lugar de entretenimento. O objetivo maior é um lugar de perdão de pecados, de absolvição, lugar de redenção, um lugar onde se respira e se vive a graça de nosso Senhor Jesus Cristo porque vivemos junto à árvore da cruz.
Por que esse objetivo é importante? Porque nossos irmãos estão caindo pela janela, alguns mais distantes que outros e precisam ser levantados pelo perdão dos pecados dado apenas por Jesus Cristo. Outros estão sentados na janela, cochilando. Precisam do toque gentil que vem pela lembrança do seu batismo e do fortalecimento que vem no banquete da mesa do Senhor. Precisam dessa gentil orientação de ministros, pastores, teólogos, cristãos, enfim.
Irmãos e irmãs - para concluir:
Quando Deus pergunta, ele não quer respostas, mas quer nos trazer benefícios, oferecer oportunidade. Acima de tudo, Ele quer nos consolar afirmando que é um Deus que existe, que é pessoal, um Deus que cria, que pergunta e responde, que por causa da cruz de Cristo está presente, procura, busca, perdoa e ressuscita. Permaneçamos escondidos atrás da sua cruz – um bom lugar para nos sentar.
Ao professor Acir, o nosso muito obrigado pelo disponibilidade do texto!